Expectativa do mercado financeiro para 2024



O ano de 2024 promete ser um dos mais desafiadores para o mercado financeiro brasileiro. Com a eleição presidencial, a crise fiscal, a inflação elevada e a pandemia de Covid-19 ainda sem controle, os investidores terão que lidar com um cenário de incertezas e volatilidade.

 

Neste post, vamos analisar as principais expectativas do mercado financeiro para 2024, com base nas projeções do Boletim Focus, do Banco Central, e nas opiniões de especialistas e analistas. Vamos abordar os seguintes temas:

 

- Crescimento econômico

- Inflação e juros

- Câmbio e balança comercial

- Reformas e ajuste fiscal

- Riscos políticos e externos

 

Crescimento econômico

 

A expectativa do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024 é de 2,5%, segundo o Boletim Focus de 3 de janeiro. Esse número representa uma leve melhora em relação à projeção anterior, de 2,4%, mas ainda está abaixo do potencial da economia brasileira.

 

Para alcançar esse resultado, o país terá que superar os efeitos da pandemia, que reduziu o nível de atividade em 2020 e 2021, e retomar o ritmo de investimentos e consumo. Além disso, será preciso avançar nas reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, que podem aumentar a produtividade e a competitividade do Brasil.

 

Inflação e juros

 

A inflação é um dos maiores desafios para o mercado financeiro em 2024. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a variação dos preços no país, deve encerrar o ano em 5%, segundo o Boletim Focus. Esse valor está acima do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3%, e próximo do limite superior, de 5,25%.

 

A alta dos preços é reflexo da combinação de fatores como o aumento dos custos de energia elétrica, dos combustíveis, dos alimentos e dos serviços. Além disso, a demanda reprimida pela pandemia pode pressionar a inflação no curto prazo.

 

Para conter a inflação, o Banco Central deve manter o ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 9% ao ano. A expectativa do mercado financeiro é que a Selic termine 2024 em 10%, segundo o Boletim Focus. Essa taxa é considerada elevada para os padrões internacionais e pode afetar negativamente o crescimento econômico e o endividamento público.

 

Câmbio e balança comercial

 

O câmbio é outro fator de incerteza para o mercado financeiro em 2024. A expectativa do mercado financeiro é que o dólar termine o ano em R$ 5,20, segundo o Boletim Focus. Esse valor representa uma queda em relação à cotação atual, de R$ 5,46, mas ainda é considerado alto.

 

O câmbio é influenciado por diversos fatores, como o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, o fluxo de capitais estrangeiros, as expectativas dos agentes econômicos, a situação fiscal do país e o cenário político.

 

Um dólar mais alto tem vantagens e desvantagens para a economia brasileira. Por um lado, favorece as exportações e contribui para o saldo positivo da balança comercial, que deve encerrar 2024 em US$ 65 bilhões, segundo o Boletim Focus. Por outro lado, encarece as importações e os produtos que têm componentes importados, como os eletrônicos e os medicamentos.

 

Reformas e ajuste fiscal

 

As reformas e o ajuste fiscal são fundamentais para melhorar as expectativas do mercado financeiro para 2024. O Brasil tem um dos maiores déficits públicos do mundo, que deve chegar a 6% do PIB em 2021, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Além disso, tem uma dívida bruta que deve ultrapassar 90% do PIB no mesmo ano, segundo o Banco Central.

 

Esses números comprometem a credibilidade do país perante os investidores e aumentam o risco de insolvência. 

Para reverter esse quadro, o governo terá que implementar medidas de contenção de gastos, como o teto de gastos, a reforma administrativa e a revisão de subsídios e benefícios fiscais. Além disso, terá que aumentar a arrecadação, por meio da reforma tributária e do combate à sonegação.

 

As reformas e o ajuste fiscal podem gerar efeitos positivos para o mercado financeiro, como a redução dos juros, a valorização do câmbio, o aumento da confiança dos agentes econômicos e a melhora do ambiente de negócios.

 

Riscos políticos e externos

 

Os riscos políticos e externos são os principais fatores de incerteza para o mercado financeiro em 2024. 

O ano será marcado pela eleição presidencial, que deve ser polarizada entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Os dois candidatos representam visões distintas sobre o papel do Estado na economia, as relações internacionais, os direitos humanos e a democracia.

 

O resultado da eleição pode ter impactos significativos para o mercado financeiro, dependendo do grau de compromisso do vencedor com as reformas, o ajuste fiscal, a independência do Banco Central e a agenda ambiental.

 Além disso, o Brasil terá que lidar com os riscos externos, como a evolução da pandemia de Covid-19, que pode afetar a recuperação da economia global; a política monetária dos Estados Unidos, que pode provocar uma fuga de capitais dos países emergentes; e as tensões geopolíticas, que podem gerar instabilidade nos preços das commodities e nos mercados financeiros.

 

Conclusão

 O mercado financeiro tem expectativas moderadas para 2024, com um crescimento econômico abaixo do potencial, uma inflação acima da meta, uma taxa de juros elevada, um câmbio depreciado e um déficit fiscal persistente. 

Para melhorar esse cenário, será preciso avançar nas reformas estruturais, no ajuste fiscal e na vacinação contra a Covid-19. Além disso, será preciso reduzir os riscos políticos e externos, que podem comprometer a estabilidade econômica e social do país.